A EMIGRAÇÃO AÇORIANA PARA O BRASIL E O MUNDO, A FAMÍLIA PAIM, E O SURGIMENTO DOS CAMPOS DE CIMA DA SERRA
"A VACARIA DOS PINHAIS"
A
história Arquipélago dos Açores e de seu descobrimento pelos portugueses é
muito controversa. O seu descobrimento é atribuído a Gonçalo Velho que em 1431
desembarcou em uma de suas ilhas, embora houvessem inúmeras menções de que o
arquipélago já constava dos mapas genoveses de 1.351; o
que levou os historiadores a afirmarem que já se conheciam
aquelas ilhas, desde o regresso das expedições às ilhas
Canárias realizadas cerca de 1340-1345, no reinado de Afonso IV de
Portugal. O fato é que esta descoberta aconteceu, oficialmente, após a
descoberta de Porto Santo e da Ilha da Madeira por João Gonçalves
Zarco e Tristão Vaz Teixeira, dois navegadores que em conjunto
com Bartolomeu Perestrelo, chegaram à ilha da Madeira em 2 de
julho de 1419. Com o reconhecimento das potencialidades das ilhas,
bem como pela sua importância estratégica, Dom João I de Portugal e sua esposa
Philippa de Lancaster se decidiram por promover a sua imediata colonização.
O
arquipélago dos Açores e a Ilha da Madeira, tiveram um papel fundamental no
processo de expansão colonial de Portugal. Á época, Portugal desenvolveu a
maior frota naval do mundo, e estabeleceu mais de 80 colônias distribuídas
abaixo da linha das Canárias. Seus domínios começavam pela África Ocidental,
passavam pelo Cabo da Boa Esperança, e atingiam a África Oriental, a Índia, e
chegavam até a China. Alguns historiadores afirmam que os portugueses chegaram
inclusive ao Japão, onde traços de processos de cristianização foram
encontrados. A colonização portuguesa se dava desta forma, os portugueses
chegavam a um novo local, estabeleciam um processo de comunicação e
relacionamento com o povo da região, em seguida iniciavam um processo de
evangelização, visando converter a população local ao cristianismo, e assim
alcançariam um grau de relacionamento que facilitariam a implantação de um
programa político e administrativo mais humano e sensível a vontade popular.
Foi assim com o Brasil, onde este processo ocorreu desde as primeiras esquadras
que aqui chegaram com os jesuítas.
A
partir de sua descoberta, as Ilhas dos Açores receberam, então, levas de
portugueses, e foram transformadas em uma base de operações do governo
português em seu processo de colonização. Inúmeras esquadras e famosos
navegadores partiam todos os dias com um enorme contingente de pessoas,
ferramentas e mantimentos num processo de emigração para as novas colônias,
processo este que se dava com o objetivo de estabelecer a posse, aumentar a
força local, garantir a colonização e estabelecer e garantir o domínio português.
Dentro deste
contexto, O infante Dom Henrique, filho de João I de Portugal e de Philippa de
Lancaster, concedem a Jácome de Bruges, o navegador flamengo, natural de
Flandres na Normandia, a concessão para a colonização e exploração da Ilha
Terceira. Como vimos, em nossa matéria anterior “A Origem da Família Paim do Brasil, e no Mundo“, Duarte Paim, filho de Valentim
Paym, e neto de Thomas Payne; se casou em 1450 com Antônia Dias de Arce e
Bruges, a filha de Jacome de Bruges (1418-1474) e de sua esposa Sancha
Rodrigues D'Arce (1428- ). Sabemos que
Sir Thomas Allen Payne, era o homem de confiança de Philippa de Lancaster, seu
secretário pessoal e tesoureiro, bem como, era o inglês, de ascendência
normanda, que havia acompanhado Philippa por ocasião de seu casamento com João
I de Portugal. Portanto, este casamento de seu neto Duarte Paim, parece mais
que uma coincidência, uma excelente conveniência.
A
emigração Açoriana para o Brasil ocorreu de todas as ilhas dos Açores, e não só
da Ilha Terceira. Vieram para cá açorianos das Ilhas de São Miguel, Fayal,
Flores, Graciosa, do Pico, São Jorge e Santa Maria, contudo é da Ilha Terceira
que procederam os dois principais patriarcas das famílias Paim do Rio Grande do
Sul (AS ORIGEM
DAS FAMÍLIAS PAIM DO RIO GRANDE DO SUL), já que os
descendentes desta família do Rio de Janeiro e Bahia, procediam de Isabel Paim
de Portugal, a irmã de Duarte Paim.
Os
açorianos, nessa época, viviam com um forte sentimento de isolamento, em face
do vínculo que mantinham com os limites estabelecidos pelas ilhas e a vida
pacata que vivia o ilhéu. E, de certa forma, se sentiam impelidos a deixa-las,
buscando novas paragens distintas do limite insular. À estas ilhas se chegavam
e se partiam, quer por intervenções do estado, motivado por políticas
administrativas ou expansionistas, quer pela vontade pessoal de seus habitantes
que ansiavam por rasgar o cerco do mar, e encontrar novos horizontes.
Os
interesses individuais, impulsionados por estratégias familiares de nobres ou
de simples populares, encontravam o amparo nos interesses estatais, que
viabilizavam o transporte, a colonização e a assistência militar, afirmando,
assim, a nacionalidade portuguesa nas fronteiras ou no interior do império. O
império, oferecia além do transporte, a terra, os recursos iniciais e a
assistência através de seus governadores locais. A demanda de gente para ocupar
as novas colônias era muito alta, não bastava o exílio de degredados, era
necessário aliciar novos colonos, casais jovens dispostos a empreender esforços
visando prover as necessidades de suas famílias.
Houveram
açorianos, que viviam na miséria na Ilha de São Miguel, que partiram para as
mais remotas colônias portuguesas na Ásia, como houve alguns, como Manuel de
Ávila, terceirense, nascido em 1563, que entrou em Buenos Aires, em 1585, sem
licença.
No
século XVII, contudo, assistiu-se a uma forte movimentação migratória
organizada pelo Estado, com intuitos colonizadores ou como contribuição
militar, para salvaguardar os interesses portugueses no Brasil. Com efeito, em
1615, Jorge de Lemos de Bettencourt propôs introduzir 200 casais açorianos no
Pará que, afinal, acabaram por seguir para o Maranhão, onde a primeira leva
chegou em 11 de abril de 1619. A colónia do Maranhão prosperou, e em 1621
duzentos novos colonos [casais] chegaram dos Açores. Em 1628, outros 200 novos
casais chegavam de navios destinados ao Maranhão e ao Rio de Janeiro. Entre
1648 e 1649, mais 600 casais oriundos das ilhas de Santa Maria e de S. Miguel
chegaram à capitania do Maranhão, e assim se sucedeu nos anos seguintes até o
final do século XVII. Ainda no século XVII. Em 1637, Manuel de Canto e Castro
aventou a possibilidade de proceder nos Açores ao recrutamento de mil infantes
e duzentos marinheiros para completar contingentes ou mesmo para formar
regimentos para combaterem nas fronteiras do império português. No ano
seguinte, D. Diogo Lobo propôs-se recrutar aí mais mil indivíduos para servirem
no Brasil, na libertação da Bahia; e nesse mesmo ano, o capitão Pedro de Lemos
Cabral pedia licença para formar, em qualquer das ilhas dos Açores, mais uma
companhia de cem homens para ser agregada às forças de D. Diogo Lobo. E, em
1639, numa viagem de 75 dias, dezesseis navios percorreram o trajeto entre os
Açores e o Brasil, transportando centenas de jovens açorianos e alguns padres
jesuítas. As demandas eram muitas, e os destinos, principalmente Pará,
Maranhão, Pernambuco e Rio de Janeiro, receberiam, nos anos seguintes, milhares
de Açorianos. A população açoriana no final daquele século era de
aproximadamente 100.000 habitantes, e, estudos de alguns historiadores estimam
que um contingente de aproximadamente 10.000 homens deixou os Açores rumando
para o Brasil.
A
forte movimentação migratória ocorrida nos Açores resultou numa forte
concentração de uma população de velhos e doentes nas ilhas, o que motivou a
promulgação da lei de 20 de março de 1720, que aplicada as ilhas, constituiu-se
num forte entrave à livre circulação de pessoas entre o Reino e o Brasil, ao
exigir uma justificação documental a todos os que para ali pretendessem se
deslocar. Mesmo assim, ao longo da primeira metade do século XVIII a Coroa
continuou, contraditoriamente, a apoiar e a promover a saída de casais ilhéus.
Interessava agora, sobretudo, em povoar, explorar e defender as regiões
fronteiriças do Sul, a Província de Cisplatina (atual Uruguai), Sacramento,
Santa Catarina e Rio Grande do Sul, além daquelas do Norte. Em consonância com
estes interesses, em agosto de 1722, são realizadas diligências para o
transporte de 265 casais daquela ilha – num total de 1.432 pessoas – com
destino à colónia de Sacramento. Iniciou-se assim a forte imigração açoriana para
o Sul do pais que transcorreria pelos dois séculos seguintes.
Em
S. Jorge, muitos casais tinham se alistado, na Câmara de Angra, a Ilha Terceira
também forneceria um contingente numeroso de emigrantes. Ao findar a década, em
1729, os habitantes das Lajes do Pico integrariam os contingentes de açorianos
que para cá viriam. Em 1747, haviam cerca de 8.000 indivíduos inscritos, entre
casados e solteiros, o que correspondiam a 5,25% da população açoriana de
então. Salienta-se, sobretudo, que a ilha de S. Jorge, teria mais de 1/5 de sua
população disposta a procurar novas oportunidades no espaço brasileiro, e, com
menor importância, as ilhas de Graciosa, Pico e Faial, que apontavam menos de
1/10 dos seus efetivos populacionais. Em termos globais, o arquipélago todo
perdeu neste movimento, cerca de 5% da sua população, fato considerável,
principalmente, se considerarmos tratar-se de gente jovem, quer em termos de
fertilidade, quer quanto a sua capacidade e desempenho econômico-social.
O
território brasileiro, por outro lado, era palco de assédio de espanhóis,
franceses e holandeses. Haviam os limites estabelecidos pelo Tratado das
Tordesilhas, que estas e outras nações, insistiam em não respeitar. As
fronteiras ao sul, destacadamente nos arredores da Bacia do Prata, eram foco de um forte assédio
pelos espanhóis.
Assim em 31 de agosto de 1746, o Rei Dom João V de
Portugal, faz publicar o edital de convocação aos açorianos para emigrar para o
Sul do Brasil.
Nota: Versão
adaptada do texto original para o português atual.
D.
João V, 31 de agosto de 1746
"O
Rei, Nosso Senhor, atendendo às solicitações dos moradores das Ilhas dos
Açores, que têm pedido mandar tirar delas o número de casais que for servido, e
transportá-los à América, donde resultará às ditas Ilhas grande alívio em não
ver padecer os seus moradores, reduzidos os males que traz consigo a indigência
em que vivem, e ao Brasil um grande benefício em povoar de cultores alguma
parte dos vastos domínios do dito Estado, foi servido por Resolução de 31 de
agosto do corrente ano, posta em consulta do seu Conselho Ultramarino de 8 do
mesmo mês, fazer o benefício aos casais das ditas Ilhas, que quiserem ir
estabelecer no Brasil de lhes facilitar o transporte e estabelecimento,
mandando-os transportar à custa da sua Real Fazenda, não só por mar, mas também
por terra, até lugares que lhes serão destinados para as suas habitações, não
sendo homens de mais de 40 anos e não sendo as mulheres de mais de 30;
E
logo que chegarem a desembarcar no Brasil a cada mulher que para ele for das
Ilhas de mais de 12 anos e de menos de 25, casada ou solteira, se darão 2.400
réis de ajuda de custo, e aos casais que levarem filhos lhes serão dados para
vestir mil réis por cada filho, e logo que chegarem aos lugares que habitarão
se dará a cada casal uma espingarda, 2 enxadas, 1 enxó, 1 martelo, 1 facão, 2
facas, 2 tesouras, 2 verrumas e 1 serra com a sua lima e travadeira, 2
alqueires de sementes, 2 vacas e uma égua, e no primeiro ano lhes será dada a
farinha que entender bastar para o sustento, que são três quartas de alqueire
por mês para cada pessoa, assim dos homens como das mulheres, mas não às
crianças que não tiverem sete anos, e aos que tiverem até 14 anos lhes serão
dadas quarta e meia para cada mês.
Os
homens que passarem por conta de sua majestade ficarão isentos de servir nas
tropas pagas, no caso de se estabelecerem no termo de dois anos, nos lugares
que se destinarem; aonde se dará: cada casal, um quarto de légua em quadra para
iniciar sua cultura, sem que se lhe levem direitos, nem salário algum por esta
sesmaria, e quando pelo tempo adiante tenham família, com que possam cultivar
mais terra, poderão pedi-la ao Governador do distrito, que a concederá na forma
das ordens, que tem nesta matéria.
E
aos casais naturais das Ilhas que quiserem ir deste Reino, por se acharem nele,
serão feitas as mesmas conveniências. Como também aos casais de estrangeiros,
que não forem escravos, que tenham domínios na América, a quem possam
passar-lhes. Aos que forem artífices será dada uma ajuda de custo conforme os
requisitos que tiverem.
Todos
aqueles que quiserem aproveitar do dito benefício nesta corte vão alistar-se de
segunda a quinta-feira de tarde na casa do desembargador José da Costa Ribeiro,
executor do Conselho Ultramarino que mora na rua? São José atrás da igreja da
Anunciada.”
Com isto, a partir
dos anos seguintes, principalmente através do porto da Ilha de Desterro (atual
Florianópolis, começaram a chegar aqui os primeiros casais açorianos, recebendo apoio
lusitano para se estabelecerem em território brasileiro, em áreas consideradas
estratégicas para a consolidação do projeto colonial português no Brasil. Os
açorianos que imigravam, buscavam melhores condições de vida, visto que nos
Açores a pobreza assolava a sociedade, devido à perda de fertilidade dos solos
e, sobretudo, após os eventos sismográficos que ocorreram nos anos anteriores.
Para os migrantes, vir para solo brasileiro significaria sair da miséria em que
viviam em sua terra natal.
Chegando ao Brasil, os migrantes açorianos buscavam
o governador local em Porto Alegre, para reivindicar as terras concedidas pelo
Rei de Portugal. Porto Alegre, então, passou a ser chamada de “Porto dos Casais”,
em alusão aos casais açorianos que ali chegavam. Estes açorianos, inicialmente
se estabeleciam em terras litorâneas de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul,
formando ao longo do século XVIII importantes colônias e suas cidades.
Atualmente, no centro de Porto Alegre, existe o "Monumento aos Casais
Açorianos", esculpido por Carlos Gustavo Tenius, homenageando os sessenta
primeiros casais que desembarcaram na cidade.
Como vimos
no edital de convocação, os casais que aqui chegavam, ao desembarcar no Brasil
recebiam:
1. Cada mulher com
idade entre 12 e 25 anos, casada ou solteira 2.500 réis. De ajuda de custo.
2. Aos casais com
filhos, 1.000 réis, a cada filho a título de vestimentas.
3. Ao chegarem ao local
que habitarão: 1 espingarda, 2 enxadas, 1 enxó, 1 martelo, 1 facão, 2 facas, 2
tesouras, 2 verrumas e 1 serra com a sua lima e travadeira, 2 alqueires de
sementes, 2 vacas e uma égua, e no primeiro ano lhes será dada a farinha que
entender bastar para o sustento, que são três quartas de alqueire por mês para
cada pessoa, assim dos homens como das mulheres, mas não às crianças que não
tiverem sete anos, e aos que tiverem até 14 anos lhes serão dadas quarta e meia
para cada mês.
Foi desta forma, que nossos ancestrais açorianos
começaram suas vidas nesta terra.
O impacto demográfico
que esses colonos das ilhas tiveram no litoral do Sul do Brasil foi enorme.
Entre 1748 e 1756, cerca de 6 mil ilhéus chegaram ao litoral de Santa
Catarina, sendo que a população local era de apenas 5 mil pessoas. Santa
Catarina recebeu 4.612 pessoas em 1748, 1.666 em 1749, 860 em 1750 e 679 em
1753. Outros tantos rumaram para o Rio Grande do Sul.
Essa imigração promovida pela Coroa, foi parte da estratégia da ocupação
do Sul visando expandir os limites impostos pelo Tratado de Tordesilhas.
Mas, ao contrário do esperado, esses colonos não penetraram o interior, e
acabaram por se fixarem ao longo da costa, ou nas povoações nas imediações de
Porto Alegre, como São Leopoldo, Viamão, Gravataí, Osório e Santo Antônio da
Patrulha.
Esses colonos portugueses, ao longo da costa,
fundaram pequenas vilas e lugarejos, vivendo da produção de trigo e
da pesca. Do ponto de vista econômico, a colonização açoriana foi um fracasso.
Isolados em pequenos grupos do litoral, se encontravam completamente
despreparados para desenvolver o trabalho agrícola na terra desconhecida, e,
sem um mercado consumidor para seus produtos, assim, restou-lhes desenvolver
uma lavoura de subsistência. Aprenderam o uso da terra com as populações que já
viviam na região antes de sua chegada, e ajustaram-se a um modo de vida mais
indígena que açoriano, substituindo sua alimentação original por alimentos
nativos, como a mandioca. Atualmente, é difícil distinguir hábitos e
tradições açorianas nessas regiões, pois seu modo de vida se tornou
essencialmente o mesmo das populações caipiras encontradas nesta
região e no restante do Brasil.
Poucos açorianos se aventuraram pelo interior, os
que se estabeleceram para o
lado da
Serra das Antas eram constantemente atacados pelos índios. Estes açorianos, nos “Campos de Cima da Serra”, tinham uma vasta planície de terras férteis, mas também uma vida muito dura de luta e de confronto contra os índios das tribos Kaingang (Moderno: Coroados ou Antigo: Guaianás). Os “Campos de Cima da Serra” possuíam grandes extensões de campos fortemente cercados por fronteiras naturais: ao leste, os aparados da serra; ao norte, o caudaloso rio Pelotas; ao sul, o profundo rio das Antas; e a oeste, as imensas florestas denominadas mais tarde por Mato Castelhano e Mato Português. De incomparáveis belezas, de verdes campos ondulados, com abundantes matas e capões, quase sempre dominados pelo altivo pinheiro araucária. A região, que parecia inacessível para os espanhóis e portugueses, mais tarde se revelaria muito promissora para a criação de gado, não só pela segurança oferecida pelo momento, como pela excelência de seus campos pastosos e das boas aguadas que os regavam. Nestes campos, os jesuítas haviam levantado um marco de pedra com a legenda “S.J.1692”, no local que viria a ser denominado “Campos de Vacaria”. Um desses marcos encontra-se no Museu Público Municipal do Munícipio.
Serra das Antas eram constantemente atacados pelos índios. Estes açorianos, nos “Campos de Cima da Serra”, tinham uma vasta planície de terras férteis, mas também uma vida muito dura de luta e de confronto contra os índios das tribos Kaingang (Moderno: Coroados ou Antigo: Guaianás). Os “Campos de Cima da Serra” possuíam grandes extensões de campos fortemente cercados por fronteiras naturais: ao leste, os aparados da serra; ao norte, o caudaloso rio Pelotas; ao sul, o profundo rio das Antas; e a oeste, as imensas florestas denominadas mais tarde por Mato Castelhano e Mato Português. De incomparáveis belezas, de verdes campos ondulados, com abundantes matas e capões, quase sempre dominados pelo altivo pinheiro araucária. A região, que parecia inacessível para os espanhóis e portugueses, mais tarde se revelaria muito promissora para a criação de gado, não só pela segurança oferecida pelo momento, como pela excelência de seus campos pastosos e das boas aguadas que os regavam. Nestes campos, os jesuítas haviam levantado um marco de pedra com a legenda “S.J.1692”, no local que viria a ser denominado “Campos de Vacaria”. Um desses marcos encontra-se no Museu Público Municipal do Munícipio.
Dentro destes limites naturais, descreve o Padre
Roque Gonzáles quando visitara a região décadas antes de 1700:
” Planícies
se estendem a perder de vista, descortinando paisagens variadas e rasgando
horizontes de dilatada amplidão; alternam com vales risonhos, enquanto lá no
alto das serras negreja o verde-escuro pinhal, de copas arredondadas,
imponentes no silêncio quase religioso, à luz abafada, onde erguem os braços ao
céu, como que em súplica muda, mil candelabros gigantes, formados pelas esguias
e possantes araucárias”. (Teschauer).
Em
meados de 1740, após surgirem os primeiros portugueses com intenções de povoar
as terras indígenas, e após inúmeros confrontos, em que, por vezes, se viam
obrigados a abandonar suas terras, mais tarde receberam o reforço dos
tropeiros, pioneiros que não mais temiam as investidas dos índios, e, estabeleceram,
assim, os primeiros troncos do povoamento de Vacaria dos Pinhais. Foram eles:
1-
João
de Campos Brandemburgo e Maria do Rego Melo.
2-
Manuel
Rodrigues de Jesus e Clara Jorge de Melo.
3-
Antônio
Borges de Vieira e Tereza Rodrigues de Jesus.
4-
Manuel
de Souza Duarte e Maria Rodrigues de Jesus.
5-
Antonio
Manuel Velho e Inácia de Jesus Velho.
6-
Inácio
Fernandes dos Reis e Páscoa Gonçalves de Jesus.
Do
entrosamento Borges Vieira e Rodrigues de Jesus, nasce Inácia Vieira considerada
a “Mãe Eva” de Vacaria, dona da sesmaria onde se situa a parte urbana da cidade,
tendo sido, a mesma, a doadora do terreno onde, hoje, se assenta a “Paróquia
Nossa Senhora da Oliveira”, e que ainda, por este mérito, dá o seu nome a uma
das principais ruas da cidade.
Quanto
“Paroquia Nossa Senhora da Oliveira”. Tudo começou quando no dia 8 de setembro
de 1750 (ano aproximado), nos ‘Campos de Cima da Serra”, foi encontrada uma
imagem de Nossa Senhora da Oliveira, possivelmente deixada por uma caravana
portuguesa, este achado gerou no local a construção de uma capelinha, que logo
começou a receber devotos, que a ela recorriam em busca de sua proteção; o
lugar foi rapidamente povoado. E, em 21 de março de 1761, o vice-rei de
Portugal, reconhecendo Vacaria como um ponto estratégico, oficializou a criação
da Capela de Nossa Senhora de Oliveira que ficou pronta no dia 21 de dezembro
do mesmo ano.
Não
podemos, também, deixar de citar a primeira Fazenda de Vacaria, que ainda traz consigo
o seu nome original, “Nossa Senhora do Perpétuo Socorro”, fundada pelo glorioso
José Campos de Brandemburgo, considerado o “Pai Adão” da região, por ter dado início
a colonização e responder pela formação de grande parte das famílias da região,
que até hoje trazem seus descendentes.
O início da história da fazenda deu-se no século VXIII, quando José Campos de Brandemburgo,
requereu sua concessão em sesmaria, e no ano de 1770, por ato do Governador
Geral do Brasil, o General Gomes Freitas de Andrade, oficializou a concessão,
nomeando-a Sesmaria de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. José de Campos
Brandemburgo teve de seu casamento com Ana Maria de Braga Mello uma única
filha, Clara Jorge, que veio a desposar Manoel Rodrigues de Jesus, respectivamente
sogro e cunhado/compadre de Manuel de Souza Duarte e de Antônio Borges Vieira.
Os
seis patriarcas de Vacaria, reconhecidos como tropeiros e que promoveram o
início do desenvolvimento da região, foram por isto reconhecidos como os
responsáveis pelo nome dado “Caminho das Tropas”, à via de ligação aberta entre
Vacaria e São Paulo, de onde eram oriundos.
José
de Campos Brandenburgo, trouxe ainda para Vacaria, a ascendência às chamadas
famílias quatrocentonas da cidade de São Paulo, hoje quinhentonas. Sua
ascendência se encontra descrita na “A Genealogia Paulistana” de Pedro Taques. Onde
temos, entre os seus ancestrais mais ilustres temos:
1.
Francisco
Van Der Burg, da Antuérpia, Flandres, Bélgica – seu trisavô
2.
Margarida
de Campos Bicudo, sua mãe, da tradicional família Campos Bicudo de Santana do
Parnaíba, São Paulo.
3.
Salvador
Jorge Velho – Seu avô paterno, bandeirante renomado, radicado em Santana do Parnaíba,
filho, neto e bisneto de bandeirantes, cujo patriarca aqui desembarcou junto
com Tomé de Souza.
4.
Margarida
da Silva, esposa do anterior – Sua bisavó paterna, cuja ascendência remete a
família Do Prado, e daí a Nuno Velho Cabral marido de África Annes e importante
membro da família de Pedro Álvares Cabral, seu primo.
5.
Luzia
Leme de Barros - Sua avó materna, bisneta de Fernando Dias Paes, o avô de
Fernão Dias Paes, o famoso bandeirante cujo corpo se encontra enterrado numa
cripta sob a Catedral da Sé em São Paulo, ao lado do Cacique Tibiriçá e da
Índia Piratininga. Fernando Dias Pais é de nobre ascendência a coroa portuguesa
pela ilha da Madeira, de onde procederam.
6.
Salvador
Pires de Medeiros – Bisavô materno, membro da família Pires que aqui chegou
pela esquadra de Tomé de Souza, e que foi trineto do Cacique Piqueroby (irmão
do Cacique Tibiriçá), e bisneto de Antônio Rodrigues, que aqui desembarcou, em
São Vicente, na companhia de João Ramalho e Mestre Cosme, antes mesmo que a
esquadra de Cabral aportasse em Porto Seguro.
7.
Ignês
Monteiro de Alvarenga, esposa do anterior – Bisavó materna. Neta de Estevão
Ribeiro Baião Parente, Senhor de Baião, e filha de Antonio Rodrigues de
Alvarenga, cuja ascendência remete a Lopo Monteiro, e a coroa portuguesa e ao
império Al Andaluz.
Como
se vê, os descendentes de José de Campos Brandenburgo, devem a ele esta mistura
sanguínea que associou o sangue português, o índio e o Viking (belga) ao
pioneirismo do degredado Antônio Rodrigues, que primeiro pisou nestas terras. A
tudo isto, devemos também somar a coragem dos bandeirantes que desbravaram este
país e que tiveram seu berço em Santana do Parnaíba – SP.
Apesar
de José Campos de Brandemburgo ter deixado só a filha Clara, está lhe deu 11
netos, e destes cerca de 50 bisnetos. Hoje já são mais de 10 gerações com quase
200.000 descendentes.
A
chegar ao Brasil entre 1750 e 1760, Antônio Paim de Arruda, se estabeleceu na recém-criada
Aldeia dos Anjos, nas imediações do Rio Gravataí, alguns anos mais tarde com o
desencadeamento da guerra guaranítica, todos os açorianos foram transferidos
para os vales do rio Jacuí e Gravataí mais ao centro do estado; contudo, a
transferência de Antônio Paim de Arruda, pode ter-se dado já para Vacaria; nos
registros de seus filhos eles aparecem como tendo nascido ou falecido em
Gravataí, entretanto, nesta época o Município de Vacaria não existia
oficialmente, logo seus habitantes constavam no registro como de Gravataí. Em
1798/800, José Bernardo Coelho de Souza, também desembarca no porto de
Desterro, no então estado de São Pedro, e de lá, ele segue para Porto Alegre, e
se estabelece, também na Aldeia dos Anjos, que em 1809, passaria a ser
reconhecida como distrito de Porto Alegre. Assim começou a família Paim no Rio
Grande do Sul, no princípio do século XIX, José Bernardo Coelho de Souza e seus
8 filhos, já encontrariam os 5 filhos de Antônio Paim de Arruda, cerca de 25
netos e talvez uns 50 bisnetos. Só em 1880 o distrito de Aldeia dos Anjos, foi
alçada a condição de Munícipio, recebendo o nome de Gravataí.
Dos
descendentes de Antônio Paim de Arruda, seu bisneto, Máximo Paim de Andrade, em
conjunto com os filhos, seguem para a região de Vacaria, onde se casam e se
estabelecem, após 1870. Dos filhos de José Bernardo Coelho de Souza, Joaquim
Paim Coelho de Souza, se casa em Laguna em 1802, e muda para Porto Alegre; dos
demais irmãos, José e Verissimo seguem para Alegrete, no sul do estado, e os
demais aparentemente, permanecem na região de Gravataí. De Joaquim Paim Coelho
de Souza, alguns de seus netos seguem para Vacaria onde se casam por volta de
1860.
Máximo
Paim de Andrade, ao falecer parece ter deixado uma grande fazenda para os
filhos, na BR 285 entre Vacaria e Lagoa Vermelha. Fidelis Dalcim Barbosa em “Nova
História da Lagoa Vermelha”, cita que Juiz Antônio de Paula Holanda Cavalcanti
é assassinado em 31/07/1870 por ocasião das medições que se realizavam nas
Terras de Máximo Paim de Andrade e de seus agregados. No recenseamento de
01/09/1920, realizado pelo Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio, Máximo
Paim de Andrade consta como proprietário de 2 estabelecimentos rurais. No livro
“Disputas Políticas no Campo de Cima da Serra”, há um relato onde aparece
Máximo Paim de Andrade:
“A
Câmara municipal desta vila depois de praticadas as formalidades de estilo, pôs
hoje em praça pública o rendimento das passagens do Passo do Pontão situado no distrito
da Vacaria, a fim de ser arrematado a quem mais deixe por tempo de um ano, o
maior lance que houve foi o que ofereceu o Ten. João Jacinto Ferreira da
quantia de 120 mil réis, pelo que a Câmara resolveu que o dito Passo ficasse
arrematado ao mesmo Ferreira pelo preço oferecido; cujo Passo esteve
ultimamente arrematado por 42$000 por tempo de um ano, e a arrematação hoje
feita é vantajosa à Câmara, assim o participa a V. Excelência para mandar o que
for devido. Deus Guarde a V. Excelência. 65 A leitura desta correspondência
leva a crer que o fato de arrematar um passo era o indicativo de que o
arrematador era um homem de grande prestígio econômico dentro de uma
regionalidade específica. Neste caso, tratava-se de João Jacinto Ferreira, um
abastado fazendeiro e oficial da Guarda Nacional, portanto integrante da elite
dos Campos de Cima da Serra, posteriormente envolvido no assassinato do juiz
Antônio de Pádua Holanda Cavalcanti, rumoroso caso que movimentou a região nos
anos 1870-1871. Três anos depois, em 1873, a mesma câmara municipal informou ao
presidente da província o resultado do arremate dos passos do município. Desta
vez, um dos arrematadores fora o tenente Máximo Paim de Andrade que ofereceu um
lance de 1:000$000 (um mil conto de réis) pelas passagens do Passo Real das
Antas por um tempo de um triênio.”
Parece
não restar dúvidas de que Máximo Paim de Andrade, teve um papel importante no
desenvolvimento da região, como era um proeminente fazendeiro, que possuía junto
com os filhos e agregados um importante papel na pecuária de Vacaria e região.
Seu
filho José Paim de Andrade, aparece em:
Inventário de 1912 em Vacaria
280 reses de 3 anos para cima a
45 mil réis cada uma e todas por 12 contos e 600 mil réis (12.600.000); 120
reses de 2 anos a 28 mil réis cada uma e todas por 3 contos 360 mil réis
(3.360.000) 120 terneiros de ano a 18 mil réis cada um e todos por 2 contos 160
mil réis (2.160.000); 80 bois de 3 anos para cima a 55 réis cada ume todas por
4 contos e 400 mil réis (4.400.000); 6 bois carreiros a 80 mil réis cada um e
todos por 480 mil réis; 22 mulas mansas de carga a 100 mil réis cada uma e todas
por 2 contos e 200 mil réis (2.200.000); 2 ditas mansas imprestáveis a 20 mil
réis cada uma, ambas por 40 mil réis (40.000); 2 ditas de 2 anos a 70 mil réis
cada uma, ambas por 140 mil réis (140.000) 5 ditas de ano a 60 mil réis cada
uma, todas por 300 mil réis (300.000) 22 éguas sem cria a 25 mil réis cada uma
e todas por 150 mil réis (150.000) 12 cavalos mansos a 54 mil réis a 4 mil réis
cada um e todos por 648 mil réis (648.000); 14 ditas velhas a 30 mil réis cada
uma, todas por 420 mil réis (420.000); 4 potros de 2 anos a 30 mil réis, todas
por 120 mil réis (120.000); Um dito de 4 anos por 40 mil réis (40.000); 4 ditas
de sobreano a 20 mil réis cada uma, todas por 80 mil réis (80.000); 8 potrilhos
de ano a 18 mil réis cada um, todos por 144 mil réis (144.000);
Inventariando: José Paim de
Andrade; Inventariante: Velocino Paim de Andrade. Vacaria/ Cartório de Órfãos e
Ausentes. Anais do II Seminário do GT de História Política – ANPUH/RS. 20.
Parece
não haver dúvidas que Máximo Paim de Andrade e seus filhos foram fazendeiros em
Vacaria e possuíram imensas áreas de terra, obviamente fragmentadas nos anos
seguintes entre seus herdeiros. José Paim de Andrade e Anna Maria Pacheco, sua
esposa, possuíam uma propriedade rural as margens da BR 285, a qual possuía um
cemitério local onde os mesmos foram sepultados, com a companhia de alguns
irmãos, talvez dos pais e alguns filhos e netos. O filho Antônio Paim de
Andrade (Cunda), foi proprietário de uma fazenda as margens da BR 116,
possivelmente havida por herança de uma fração da propriedade de seu pai José
Paim de Andrade; e nesta ele também construiu um cemitério particular, com o
fim de acolher seus familiares. Com a venda da propriedade original na BR 285, que
parece ter pertencido a uma irmã de Cunda, as ossadas de José Paim de Andrade e
de Anna Maria Pacheco foram transferidas para a fazenda do filho denominada
Fazenda Ipê, e junto com elas seguiram também uma placa de mármore com a
gravação de seus nomes e as correntes que a ornavam.
Hoje
a Fazenda Ipê, o seu cemitério, acolhe os jazigos de José Paim de Andrade e Ana
Maria Pacheco, Antônio Paim de Andrade e Almedorina Alves Paim, além de alguns
filhos e netos, como o antigo proprietário Riograndino Paim de Andrade (Tio
Dino).
Acolhe
os corpos de Oscar Paim Alves e sua esposa Graciema Facioli Paim, Oscar era o
irmão de Almedorina e Candida; seus filhos Torquato
Alves Paim , sua esposa Honorina Golim Paim, que era irmã da esposa do Nice
Paim e da esposa do Normélio Rodrigues Paim, a filha Dina e esposo Nelson
Golin, seus netos e netas.
Acolhe
os corpos de Pedro Paim de Andrade, Irmão de Antônio Paim de Andrade, suas três
esposas, Cândida Alves Paim, Regina, Séptima Luiza Dal Pizzol Paim, os filhos
Pedro e Cândida, seus 6 filhos falecidos ainda na infância, além de netos e
netas. Abriga, ainda
o corpo do genro Dr. Júlio
Cesar do Valle Adolpho, esposo de nossa prima Maria Luiza Paim. O jazigo de
Pedro fica ao lado do jazigo de seu irmão Cunda, e ainda ao seu lado, fica
ainda o jazigo de sua irmã Maria José (Mulata).
O
cemitério abriga ainda muitos túmulos com suas cruzes em ferro, onde se pode
ler o nome de seus ocupantes.
A
fazenda Ipê na parte onde se situa o cemitério, é hoje de propriedade do
Antoninho, em cujo cemitério se encontra também o corpo de sua irmã Laura
Helena.
Na
foto abaixo, se nota a presença de uma espécie de andarilho apoiado numa coluna.
Trata-se de um antigo funcionário do Cunda, que hoje conta com 110 anos de
idade, e que diariamente visita o cemitério para fazer suas preces ao antigo
patrão e amigo.
A
família Paim, tanto no Sul, como em São Paulo e Mato Grosso onde marcou
presença, através de José Paim de Andrade, o irmão de Riograndino (Dino),
também filho de Cunda, se caracterizou pela solidariedade, generosidade e
dedicação ao próximo. Esta foi a marca de Cunda, do filho Dino em Vacaria, e do
filho Zeca, em São Paulo, Mato Grosso e Presidente Prudente, onde não logrou
esforços, para com recursos próprios, adquirir terreno e levantar a sede da
Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais, da qual foi seu primeiro
Presidente.
Não
publicamos fotos dos descendentes destes, por não possuirmos autorização expressa
para tal.
Maravilha primo Marcos, muito ilustrativo sua explanação. Trabalho maravilhoso.
ResponderExcluirOi J C P,
ExcluirTive um problema com a placa mãe de meu computador e só pude retornar agora. Agradeço muito seus elogios e me coloco a disposição.
Abraços,
OI MARCO ANTÔNIO, SOU SALETE BORGES HLAVAC, ESTOU EM SEUS RELATOS. SOU NETA DE HERACLYDES ALVES PAIM E DE ANDRINA LISBOA BORGES. ESTOU ESCREVENDO UM LIVRO SOBRE A VIDA DA MINHA MÃE CLORY TEREZINHA PAIM BORGES. QUANDO LI SEUS RELATOS, FIQUEI LOUCA DE FELICIDADES.
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